PCBR e a Reconstrução Revolucionária: por que a Nota do CGC erra no essencial
A nota fala menos sobre o PCBR e mais sobre os “intelectuais” e partidos que a ecoam
Por Aurelio Fernandes
A “Nota de Esclarecimento” do CGC / Instituto Mario Alves, amplamente divulgada por alguns setores, apresenta uma leitura que merece ser debatida com serenidade. Ela trata a história do PCBR como se fosse patrimônio privado, algo a ser guardado e protegido de qualquer retomada organizativa. O marxismo-leninismo, no entanto, nos ensina que o essencial não é o nome em si, mas a linha política e a prática concreta de inserção na luta de classes.
Ao levantar acusações de “usurpação”, a nota evita a questão fundamental: se a classe trabalhadora brasileira segue sem direção revolucionária, é legítimo e necessário que militantes busquem reconstruir instrumentos políticos capazes de cumprir essa tarefa. A retomada da sigla PCBR não deve ser vista como apropriação oportunista, mas como parte de um esforço de atualização e aplicação das lições históricas da tradição revolucionária. Importa esclarecer: o PCBR atual não reivindica a continuidade direta do PCBR da década de 1960, mas sim do processo de Reconstrução Revolucionária do PCB, movimento que nasceu justamente para superar o reformismo e reafirmar o marxismo-leninismo como guia da ação política.
É importante registrar que existem militantes e fundadores do PCBR da década de 1960 que têm dialogado e contribuído diretamente nas ações do Partido atual, reconhecendo nesse esforço uma continuidade legítima de sua tradição revolucionária. Nesse sentido, não existe contradição entre a retomada da sigla e a fidelidade ao legado comunista. O que se percebe, ao contrário, é que a nota reduz a história a uma visão patrimonializada, como se fosse monopólio de veteranos ou de intérpretes autorizados, o que não ajuda a pensar a continuidade da luta.
Em vez de contribuir para a unidade e para o esclarecimento dos comunistas, esse tipo de posição acaba desviando o debate das questões centrais — programa, estratégia e inserção prática — para a formalidade de quem pode ou não “autorizar” o uso de um nome. Mas um partido não se legitima por autorização externa: é na luta, na prática coletiva e na organização concreta que se constrói sua validade.
Vale destacar ainda que a ampla circulação da nota diz mais sobre os “intelectuais” e partidos que a difundem do que sobre o próprio PCBR. Ao ecoarem esse moralismo, revelam seu distanciamento da luta real e a dificuldade em oferecer uma alternativa revolucionária efetiva.
O PCBR de hoje reafirma sua legitimidade não em títulos ou heranças formais, mas no trabalho cotidiano junto à classe trabalhadora e na disposição de reconstruir um projeto revolucionário para o Brasil.
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