2001 afastamento da FAP

Rio, 28 de maio de 2001

Carta aberta à Direção Nacional da FAP e do PDT.

Milito no PDT desde julho de 1982, filiando-me em 1983. Desde de 1984, mantive algum tipo de proximidade com as atividades do IAP sob a direção de Maurício Dias David, Rosa Cardoso e Teodoro Buarque, sendo monitor nos cursos que foram implementados pelo IAP no Rio de Janeiro, mais especificamente na Juventude Socialista do PDT da qual era dirigente nacional e assumia a responsabilidade, nacionalmente, pela capacitação política.

Atuei ininterruptamente no Instituto Alberto Pasqualini durante sete anos, de 1995 até 2001, participando ativamente no processo de transformação do mesmo em Fundação no ano de 1997. É importante frisar que de 1995 até o inicio do ano de 1998, quando fui contratado, assumi responsabilidades de direção e tarefas no IAP/FAP sem nenhum tipo de vínculo empregatício ou ajuda financeira do IAP/FAP ou da direção nacional do PDT. Desde 1989, após romper politicamente com o deputado estadual Fernando Lopes e ser demitido de seu Gabinete, optei, apesar de convites para participar de governos ou de outros gabinetes de parlamentares do partido, por sustentar minha família exercendo o magistério em escolas nos municípios do Rio e Volta Redonda. Somente abandonei parte das escolas devido ao de convite para assessorar a Direção Nacional do PDT em 1994; assessoria da qual fui sumariamente demitido, sem nenhum aviso prévio ou explicação, em fevereiro de 1995, ano em que, passando por profundas dificuldades financeiras, fui convidado pelo Secretário de Finanças e Planejamento da Prefeitura de Niterói – Carlos Sasse - para contribuir na implantação da Informática Educativa na Fundação Municipal de Educação de Niterói, que durou até novembro de 96.

Nestes sete anos, várias propostas de planejamento e projetos foram encaminhados às direções nacionais do IAP/FAP e poucas foram as atividades que conseguimos desenvolver de forma planejada e continuada.

No início de 96, encaminhei para o responsável pela direção do IAP – Nelton Friedrich - uma proposta de planejamento para o biênio 96/97 que continha propostas de objetivos (principais e secundários) e áreas de ação - formação; assessoria às instâncias, incluindo políticas públicas; biblioteca, venda e distribuição de publicações (Cadernos Pasqualini, Boletim IAP e Panfletos) e desenvolvimento de pesquisas histórica, sociológica e de opinião. Nesta proposta estavam definidas metas de curto, médio e longo prazo a serem alcançadas. Em maio, daquele ano apresentamos, em conjunto com o Secretario Nacional do PDT, Hésio Cordeiro, a proposta de criação de um Centro de Memória e Documentação do PDT.

Em 97 encaminhei novamente o referido documento ao responsável pela direção do IAP, atualizando várias das propostas apresentadas e adicionando outras, tais como: a transformação do IAP em Fundação; a realização do I Seminário Nacional da FAP em Niterói, uma estrutura mínima de funcionamento (material e recursos humanos) para coordenar as atividades das áreas de ação e a estruturação das seções estaduais; círculos de estudos e seminários nos Estados e ampliação dos mesmos através do curso nacional de formação de monitores durante o I Seminário Nacional; realização de um Seminário Nacional sobre Perspectivas do Trabalhismo e o caminho brasileiro para o Socialismo; atividades sobre Memória, Documentação e Informação, criação e manutenção de uma home page para ampliar e divulgar o funcionamento da FAP, uma Revista semestral voltada para a militância e para a sociedade e, por fim, um Boletim informativo bimestral para divulgar nas instâncias partidárias as atividades da FAP.

Em fins de 98, já tendo ocorrido o processo de criação da FAP e tendo sido indicado como diretor pela Direção Nacional do partido, encaminhei ao Presidente da FAP – Nelton Friedrich - uma proposta de realização de um seminário de planejamento da executiva da FAP e de planejamento para 99, assim como uma proposta de organograma da Fundação em Centros: Centro de Memória e Documentação, Centro de Capacitação Política, Centro de Estudos Darcy Ribeiro – com vários núcleos de estudos temáticos - e um Centro Cultural do PDT, com livraria e exposições na sede nacional da FAP.

O pouco sucesso nessas empreitadas estão diretamente relacionados com o voluntarismo, o improviso, falta de equipe e de planejamento na instituição. Nestes sete anos a diretoria do IAP/FAP sequer realizou uma reunião deste órgão partidário, sendo que esta realidade impediu sobremaneira a continuidade dos trabalhos ou sua intensificação e ampliação.
Mesmo assim, tentamos encaminhar a implantação e implementação do organograma proposto convidando a assumir tarefas relativas aos centros vários quadros partidários como: Theotonio dos Santos, Vera Malaguti, Nilo Batista, Vania Bambirra, Magno Cerqueira, Luís Alfredo Salomão, José do Vale, Lia Faria, Maria Amélia, Hésio Cordeiro, Jesse Jane e vários outros, e das ações correspondentes dos planejamentos propostos.

Exemplos como a implantação da Videoteca da FAP em 1995 reproduzindo vídeos de depoimentos de Francisco Julião, Beatriz Riff, Cibilis Vianna, Bocayuva Cunha, e a edição dos Cadernos da FAP em 98, embrião de uma revista da Fundação, e a dificuldade em viabilizar a home page da FAP, culminando com a confecção “amadora” de um site de trabalho na internet, são demonstrações de atividades que, por falta de recursos e vontade política, resumiram-se a tentativas frustadas.

Das atividades propostas, a que mais se desenvolveu foi a de capacitação política. Desenvolvemos, com a militância voluntária de companheiros vários, dentre os quais Winston Sacramento e Francineide Salles, círculos de estudo e palestras na maioria dos estados brasileiros. (Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará, Amapá, Goiás – incluindo Brasilia – e Sergipe) e em diversos momentos políticos e em movimentos do partido (Negro, de Mulheres, Sindical, Juventude e Comunitário).

Atuamos principalmente no Paraná, onde durante dois anos (1995 e 1996) viajei nos fins-de-semana (de ônibus) para implementar círculos de estudo e seminários de planejamento em todas as regiões daquele Estado. Ressalto que recebia apenas as passagens e a alimentação. No ano de 1997 ao me encontrar desempregado, ao terminar o contrato com a FME, passei a receber por iniciativa do então presidente do Diretório Regional do PDT paranaense, uma ajuda de custo de abril a agosto de 1997. Em 1998 continuei colaborando intensamente.

Excetuando-se as apostilas sobre o modo pedetista de legislar e governar utilizados em tais atividades, a totalidade do material de capacitação política confeccionados, atualizados e/ou revisados na FAP foram fruto de minha prática política como militante e educador e de reflexões como historiador e lutador social. Ainda contribui para confeccionar material de capacitação política para os estados do Paraná em 1995/1996 e Rio Grande do Sul em 1999/2000.
Sendo assim, esperava que, após o meu afastamento no dia 09 de maio passado das funções desempenhadas na Fundação Alberto Pasqualini, a Direção Nacional da Fundação ou do PDT, explicitassem através de um documento oficial, as razões políticas e/ou administrativas que levaram a tal afastamento.

A atitude de não prestar esclarecimentos oficiais, mesmo com o passar de 20 dias, conduz a insistir ainda mais na necessidade de um documento que explicite oficialmente os motivos de meu afastamento, pois não posso ficar refém de avaliações ou especulações, sejam as mesmas de boa-fé ou carregadas de oportunismo e falta de ética.

Sem mais no momento, agradeço a atenção dispensada,

Saudações Brizolistas,

Aurelio Fernandes

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