2006 O PDT frente ao neoliberalismo petucano no segundo turno das eleições de 2006

A falsa “esquerda” e a verdadeira “direita”.
O PDT frente ao neoliberalismo petucano no segundo turno das eleições de 2006

"Um ex-operário, que nega agora ser de esquerda, é, sem dúvida uma atração que nada fica a dever ao antigo sociólogo esquerdista que tornou-se o príncipe do neoliberalismo". Tijolaço de 22 de janeiro de 2004.

"E o pior, o mais triste, é que o fracasso de Lula, por ser igual a FHC, prepara a volta do próprio Fernando Henrique". Tijolaço de 6 de maio de 2004.

Partindo das “pesquisas” manipuladas, da possível fraude eletrônica como uma realidade objetiva, do uso do poder econômico e político e da grande mídia, Alckmin e Lula se “legitimaram” pelo voto popular para disputar o segundo turno das eleições e o diretório nacional do PDT tem de assumir um posicionamento.

O Brasil tenta sobreviver enquanto nação, há mais de 12 anos, com a política neoliberal, que promove lucros gigantescos aos banqueiros e desemprego aos trabalhadores. Tanto os governos do PSDB/PFL quanto do PT/PMDB, defenderam e defendem essa política para seus governos.
Nos oito anos de governos do PSDB/PFL de Allckimin estivemos nas ruas contra a entrega da Embratel e da CSN. Denunciamos as tentativas de privatização da Petrobras, do Banco do Brasil, de Furnas e dos Correios. Nos posicionamos contrários a reforma da previdência e as reformas trabalhista e sindical. Defendemos o funcionalismo público achincalhado por FHC e fomos contra a implementação das famigeradas PPP´s

Nos quatro anos de governo do PT/PMDB de Lulla, combatemos a continuidade da reforma da previdência social em prejuízo dos aposentados, denunciamos que os bancos continuaram sendo os maiores beneficiados pela sua política econômica, atacamos duramente as políticas sociais que, além de avançarem muito pouco se baseiam na mesma lógica assistencialista do governo anterior e nos posicionamos contrários a continuidade das reformas sindical e trabalhista e aos leilões entreguistas do petróleo brasileiro.

No primeiro turno das eleições Lula omitiu-se ou foi vacilante frente aos problemas fundamentais, como a necessidade da ruptura com o imperialismo e de defesa da ALBA e da Reforma Agrária; da entrega da tecnologia brasileira da biomassa ao capital internacional, de reverter às privatizações efetuadas nas últimas décadas; de pôr em causa a dívida e(x)terna que escraviza o país; de defesa da manutenção dos direitos dos trabalhadores e da previdência, de defesa da Amazônia Brasileira; de retirada das tropas brasileiras do Haiti etc. Por outro lado, Alckmin omitiu-se por completo ou posicionou-se claramente em uma perspectiva conservadora sobre essas questões.

Assim, razões não nos faltam para não apoiar nenhuma das candidaturas neoliberais que disputam o segundo turno das eleições presidenciais. Allckmin representa o retorno do neoliberalismo conservador e sua política de privataria e entreguismo. Lulla optou por assumir a representação política da ala social do neoliberalismo representando uma continuidade “ambígua” de FHC. Tanto PSDB quanto o PT utilizaram a corrupção como principal instrumento de ação política.

Para nós, a traição de Lulla bateu muito fundo e como afirma o Manifesto do Grito dos Excluídos de 2006, o povo brasileiro sofreu duas grandes derrotas em sua caminhada pela libertação nacional e social: o Golpe Militar de 64 e a traição do Governo Lula. Porém, seria um grande equívoco de nossa parte afirmar que não existem diferenças entre os governos do PT e do PSDB, mesmo que essas diferenças resumam-se nas concepções de alas de direita e esquerda de um mesmo projeto histórico de manutenção do neoliberalismo em nosso país.

Em sua política exterior para a América Latina, Lula foi mais coerente que o seu antecessor apoiando iniciativas integracionistas, como o gasoduto do Sul, o Mercosul como área alternativa a ALCA impulsionada pelos EUA e na situação da nacionalização das reservas de hidrocarbonetos na Bolívia quando o governo brasileiro optou pelo dialogo. Devido as pressões de sua base social Lulla não teve condições de dar continuidade a política de privatização.

Por tudo isso o diretório nacional do PDT só pode admitir duas possibilidades coerentes com nossa trajetória, nosso legado brizolista e nosso projeto histórico: o voto nulo, que é totalmente legitimo em uma eleição em dois turnos onde a disputa se dá entre candidaturas que representam os mesmos interesses e onde PDT denunciou permanentemente a falsa polarização petucana, ou o voto crítico em Lulla para impedir o aprofundamento radical da política neoliberal e uma perda irreparável para a integração latino-americana.

Nos dois casos os diretórios do Maranhão e do Paraná ficariam liberados para deliberarem sobre seu posicionamento no segundo turno de acordo com a realidade local.
Caso decida pelo voto critico a Lula, o diretório nacional do PDT deve orientar os dirigentes, militantes e filiados do partido e os eleitores que votaram em Cristovam Buarque que não votem em Alckmin no segundo turno das eleições. Além disso, coerentes com os valores e princípios que implementamos em nossa campanha no 1º turno, o PDT deixaria claro sua posição de que continuará como oposição nacionalista de esquerda ao futuro governo Lula.

Caso decida pelo voto nulo, o diretório nacional do PDT deve orientar para que seus dirigentes, militantes e filiados não votem ou participem politicamente de qualquer das campanhas, seja de Allckmin ou de Lulla. Isto não significa que o PDT deva desencadear ou defender uma campanha pelo voto nulo. Desta forma demonstramos respeito a opção eleitoral da maioria do povo brasileiro por estas duas candidaturas nessas eleições presidenciais, mas nos reservamos o direito democrático e constitucional de, como membros de uma instituição, continuarmos coerentes com nossos ideais e nossa história. Quanto aos eleitores que acreditaram em nossa proposta e votaram em Cristovam Buarque, devemos acreditar que os mesmos saberão definir qual posicionamento deverão assumir no segundo turno das eleições.

Essas duas posições deixam claro os compromissos do PDT com o povo trabalhador e o Brasil neste segundo turno e apontam caminhos para nossos rumos futuros. São posicionamentos, baseados em nossos valores e princípios brizolistas, que nos legitimariam como herdeiros legítimos do legado de Brizola perante aqueles brasileiros e brasileiras que votaram em nós e que esperam que o PDT se torne o instrumento brizolista de suas lutas cotidianas contra a falsa “esquerda” e a verdadeira “direita do neoliberalismo petucano.

Revolucionariamente, saudações brizolistas,

Aurelio Fernandes

Militante do PDT desde 1982, educador popular e professor de história da rede pública estadual com especialização em História do Brasil e Educação a Distancia, membro do diretório nacional do PDT e do Fórum de Militantes do PDT, diretor da FLB-AP, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação RJ, membro da coordenação do movimento bolivariano Círculos Bolivarianos Leonel Brizola. Foi dirigente estadual e nacional da JSPDT de 1984 a 1992 e candidato a vereador na cidade do Rio de Janeiro em 2004.

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