Manifesto aos militantes do PDT

Todos erram menos quando ouvem o povo

Na atualidade um partido que defende o nacionalismo e o socialismo é para o senso comum construído pelas elites um partido "atrasado" e "anacrônico".

Mais ainda o trabalhismo do PDT que chega ao "absurdo" de valorizar o papel do Estado Nacional na construção de um projeto das maiorias e não ter nenhuma ilusão no mercado ou em cópias de modelos de desenvolvimento que já provaram na prática serem socialmente injustos e ecologicamente inviáveis.

O que devemos fazer para superar esta visão imposta pelas elites? Devemos revisar todas nossas concepções, visões e conceitos ?

Nós dizemos: Não !

Assumir um discurso "moderno", "amplo" e "palatável" aos grandes meios de comunicação dominados pelas elites não será a solução. Seria um discurso afastado dos interesses das maiorias, sem identidade com a história de lutas do trabalhismo e voltado apenas para conquistar eleitoralmente uma opinião pública média.

Este discurso conduzirá a uma política que abandonará as propostas de transformação do PDT que vão além das ações eleitorais e governamentais e se resumirá, a grosso modo, a propostas eleitorais de políticas públicas de governo. Optando por este caminho nossas lideranças vão começar a amoldar nosso discurso ao senso comum construído pelas elites e comprometerão seriamente o nosso projeto histórico.

A experiência histórica do trabalhismo demonstrou os imensos limites da democracia eleitoral, dos quais o principal é saber se as elites estão dispostas a respeitar o resultado das urnas ou as decisões soberanas de um governo voltado para as maiorias.

Como superar então o cerco das elites?

Nossas experiências provaram que a conquista do poder inclui mas não se limita a luta eleitoral. A existência da pobreza e o crescimento da miséria mostram que não adiantam remendos na superfície da sociedade e da política, temos de revira-la pelo avesso, na busca da invenção de novas formas de convivência, de novos modos de relação de produção e partilha em que a desigualdade, a hierarquia e o consenso passivo sejam substituídos pela ênfase na responsabilidade, na diferença, na solidariedade, na afirmação da vida.

Necessitamos de um partido forte, organizado e permanente que contribua efetivamente, com outras forças políticas identificadas com o nacionalismo e o socialismo, para a mobilização e organização da sociedade. Um partido que assuma o fio da história de lutas de nosso povo.
Para isso porém temos de superar uma serie de limitações partidárias e refundar a prática política trabalhista.

Não podemos mais acreditar :
· que sem luta de massas, sem povo mobilizado e organizado conseguiremos avançar em nosso projeto histórico.
· na luta espontânea e não se organizar com princípios, objetivos e valores.
· em simples mobilizações de massa sem aperfeiçoar as formas organizativas.
· na atuação nos movimentos sociais de forma inorgânica
· em reproduzir nos movimentos sociais a política eleitoreira, onde os militantes que atuam no movimento só são lembrados nas eleições das entidades.
· atuar ingenuamente sem capacitação política.

A refundação de nossa prática trabalhista deve assumir, também, alguns princípios organizativos tais como:
· direção coletiva, decisões colegiadas com disciplina e respeito as decisões.
· divisão de tarefas, romper com a visão de organização centralizada na mão de uma pessoa ou de um grupo de pessoas, pois isto impede o surgimento de uma diversidade de aptidões e habilidades.
· estudo, nunca terá futuro a organização política que não formar seus próprios militantes e dirigentes.
· nosso projeto só avançará se houver luta de massas.
· vinculação do dirigente com sua base social . É preciso criar mecanismos para ouvir, consultar, se abastecer da força e da determinação do povo. Todos erram menos quando ouvem o povo.

Algumas destas autocríticas e princípios estão sendo timidamente ensaiadas pelo partido. Nosso desafio é encaminhar estas reflexões em todas as instâncias e garantir que isto se transforme em uma cultura política de nosso partido. Somente assim contribuiremos para a unidade partidária e retomaremos o fio da história de lutas de nosso povo.

Com certeza o futuro poderá ser diferente se soubermos com ousadia preparar e viver bem o presente.

Rio, 22 de novembro de 1999

OUSAR LUTAR ! OUSAR VENCER !

Assinam este manifesto:

Alcides Neves - Membro do Movimento Socialista de Saúde
Aline Goldard - Membro do Diretório Municipal de São Gonçalo - militante da Juventude Socialista
Altair Campos - Membro do Diretório Estadual RJ
Aurélio Fernandes - Membro do Diretório Nacional e Estadual RJ
Cid Reis Neves - Membro do Diretório Municipal de São Gonçalo
Claudio Lacerda – Militante RJ
Danilo Groff Filho - Membro do Diretório Estadual RJ
Deuzimar Costa - Militante do Mov. Comunitário de Favelas - FAF Rio
Domicio Gonzaga – Membro do Diretório Estadual RJ
Eduardo Antonio - Membro do Diretório Municipal de São Gonçalo e militante da Juventude Socialista
Erenice - Militante do Mov. Comunitário de Favelas - FAF Rio
Francineide Sales - Membro do Diretório Nacional e Estadual RJ
Francisco Edson – Membro da Secretaria Sindical RJ
Frederico Bush - Membro do diretório Zonal MRJ
Geraldo Oliveira - Membro do Diretório Estadual RJ
Heitor Nei Matias - Militante do Movimento Nacional de Luta pela Moradia RJ
Ivan Bambirra dos Santos - Membro do Diretório Estadual DF
João Claudio Pittilo - Militante RJ
José Nerson (Zezinho) - Vice-presidente da FAF Rio e membro do Diretório Estadual RJ
Luciano Alvarenga - Membro do diretório Municipal de Niterói
Magali - Militante RJ
Magno Costa – Membro dos Movimentos de Mulheres RJ
Manoel Dias - Membro do Diretório Nacional
Marcos Agostini – Membro do Diretório Estadual RJ
Oswaldo Maneschy - Membro do Diretório Estadual RJ
Pedro Jorge - Membro do Diretório Estadual RJ
Ricardo - Membro do diretório municipal de Teresópolis e militante da Juventude Socialista
Ricardo Hiroshi - Membro do diretório Zonal MRJ
Ricardo Queiroz - Pres. do Diretório Municipal de Maricá
Rino Ramos - Membro do Diretório Estadual RJ
Rita de Cassia - Militante do Mov. Comunitário de Favelas - FAF Rio
Roland - Membro do diretório municipal de Teresópolis
Rossino - Diretor da FAF – Rio
Sérgio Junior - Membro do Diretório Nacional e militante da Juventude Socialista
Sergio Roque - Militante PDT – Zona Oeste
Shirlei Martins - Membro do Diretório Estadual RJ
Theotonio dos Santos – Membro do Diretório Nacional
Valeria Leal - Diretora do Sinpro Rio
Winston Sacramento - Membro do Diretório Nacional e Estadual RJ

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