Hoje por acaso encontrei essa minha entrevista de 2004...

Interessante como pouca coisa mudou e as mesmas moscas continuam por aí...

Entrevista com Aurélio Fernandes Página da JS/PDT DE São Gonçalo
Em defesa do projeto histórico do PDT

Questionar a índole de Anthony Garotinho nos dias atuais, depois da traição, é fácil. Mas Aurélio Fernandes o fez em 1988, já antevendo o perigo que o então prefeito de Campos significava.

Membro do PDT desde 1982, Fernandes relembra sua passagem pela Juventude do PDT – que até então era chamada de Juventude Trabalhista, vindo a chamar-se Socialista em 1984 – inclusive o episódio em que a direção nacional do PDT interveio para que Garotinho se tornasse o seu presidente nacional. "O argumento é que a autonomia política existente na JS/PDT, que já havia discordado da aliança com o PDS nas eleições gaúchas, poderia causar problemas nas eleições presidenciais de 89", conta ele.

A relação com a "famiglia Garotinho" era difícil: "Eles se aliaram com a minoria de militantes fluminenses que viam a política partidária como um espaço de realização financeira pessoal e profissional e não de transformação da realidade". Pré-candidato a vereador pelo município do Rio de Janeiro, Fernandes propõe um mandato "pela defesa intransigente do projeto histórico de nosso partido". Em entrevista exclusiva concedida à JS/PDT de São Gonçalo Aurélio Fernandes falou sobre eleições municipais, sobre o governo Lula e sobre a famigerada reforma sindical e trabalhista.

"Não há nada mais tucano do que um petista no poder"

"A conjuntura política de crise da década de 80 estimulava a rebeldia"

"Uma candidatura dentro desta perspectiva revolucionária é um desafio de proporções consideráveis"

JS/PDT São Gonçalo: Você tem uma longa trajetória no PDT, com uma longa passagem pela Juventude Socialista - inclusive no tempo em que era Juventude Trabalhista. Conte um pouco sobre isso.

Aurélio Fernandes: Na realidade estive filiado mais tempo na JS PDT do que o tempo que milito exclusivamente no PDT. Foram 12 anos. E posso afirmar que, sem sombra de duvida, devo a minha formação aos anos que me dediquei integralmente à construção de nossa organização juvenil. Conheci o PDT na campanha eleitoral de 1982. Nessas eleições Brizola representou no imaginário popular carioca e fluminense a retomada do fio da história das lutas populares e a
resposta mais radicalmente possível à ditadura militar. Influenciados por essa realidade, uma quantidade enorme de jovens trabalhadores e estudantes, sem experiências partidárias anteriores, participaram pela primeira vez da vida democrática e acabaram por se filiar ao "partido do Brizola". Assim o PDT aglutinou uma maioria de jovens sem nenhuma formação política, jovens trabalhistas e nacionalistas de diversos matizes e jovens social democratas e marxistas identificados com as experiências históricas da década de 60. Todos defendendo o projeto histórico do PDT: trabalhismo como caminho brasileiro para o Socialismo.

Como foi a mudança de nome para Juventude Socialista?

Foi em 1984. Os jovens do PDT participaram ativamente da campanha das Diretas-Já e a Juventude Trabalhista, em seu III Congresso Nacional, após muitas discussões, aprovou por unanimidade a modificação de seu nome para Juventude Socialista. Nesse Congresso fui eleito membro do diretório e da executiva nacional da JSPDT.

Houve também uma tentativa de reorganizar a Juventude para encarar as eleições presidenciais que viriam?

Sim, houve. Tínhamos de assumir uma estrutura organizacional de frontal ruptura com a lógica imposta pela ditatorial Lei Orgânica dos Partidos, não apenas ao PDT, que naquele momento era o maior partido de massas da esquerda brasileira e potencial vitorioso nas eleições presidenciais de 89, como a todos os outros partidos independente de sua linha ideológica. A JS PDT estava diante de um impasse: ou avançávamos ou teríamos um refluxo organizativo de dimensões
consideráveis. Nesse sentido era consensual a aprovação de um novo estatuto no Congresso Nacional que ocorreria em 88. Uma nova forma de organização que o militante teria de se filiar diretamente e apenas ao núcleo de base, onde não existiriam diretórios municipais, substituídos por assembléias de núcleos de base, ou diretórios estaduais substituídos por assembléias de delegados eleitos nos núcleos de base nos municípios. Além disso, os dirigentes podiam ser substituídos a qualquer momento pela reunião que os elegiam e a forma de direção era colegiada sem cargos apenas com as funções de direção pré-definidas. Curiosamente uma forma de organização com características muito próximas de uma organização política que se consolidava naquele momento histórico e que nos desconhecíamos organizacionalmente: o MST.


E por que isso não aconteceu?

Porque, lamentavelmente, a direção nacional do PDT interveio e impediu a realização do Congresso, com o objetivo de nomear o Prefeito de Campos Antony Garotinho presidente da JS/PDT. O argumento é que a autonomia política existente na JS/PDT, que já havia discordado da aliança com o PDS nas eleições gaúchas, poderia causar problemas nas eleições presidenciais de 89. Na época eu era um dos nomes propostos pela maioria para a presidência nacional da JS PDT em um processo de transição para o novo estatuto. Após a intervenção, nossa organização juvenil esvaziou-se nacionalmente, muitos abandonaram a militância e até mesmo o partido, restando alguns jovens resistindo nos estados.
Aproximadamente dois anos depois a direção nacional do PDT convocou-me para que assumisse interinamente a direção da JS PDT. Imediatamente recusei a lógica do proposto e discuti a necessidade de apoio político da direção ao processo de reconstrução que já vinha ocorrendo nos estados. Essa proposta culminou na eleição de uma comissão organizadora e a realização do 7º Congresso da JS PDT em Vitória com a aprovação do novo estatuto com todas as características
descritas anteriormente. Aproximadamente dois anos depois realizávamos o 8º Congresso Nacional da JSPDT em Cuiabá onde fui eleito membro-honorário da JS PDT.

Em termos de atuação política, o que mudou no jovem de hoje para o
jovem do período em que vc presidiu a JS?

Fica difícil trabalhar essas questões em termos meramente geracionais. A conjuntura política de crise da década de 80 estimulava a rebeldia e a ousadia de todos os setores oprimidos da sociedade brasileira. Em vários momentos nossa organização juvenil questionou posicionamentos que considerávamos equivocados por parte das direções do PDT nos municípios, nos estados e
nacionalmente. Havia uma lógica radicalizada de autonomia organizacional da juventude em relação a estrutura partidária.
Mesmo quando ocorre a intervenção em 1988, a resistência da juventude faz com que a direção nacional do PDT recue e aceite um acordo. Ao invés da mera nomeação de Garotinho na "presidência", ocorreria um processo de "eleição" de umrepresentante por estado em cada bancada para, com a aprovação da direção nacional do PDT, eleger uma coordenação
de três nomes para coordenar nacionalmente a JS PDT.
É claro que no caso do Rio de Janeiro esse processo foi dirigido pelo secretario nacional de movimentos sociais do PDT, deputado federal Luis Salomão, que garantiu a eleição do personagem com participação de toda a bancada campista, independente da idade de seus membros, presente ao congresso partidário que ocorria paralelamente ao evento da juventude. Mesmo assim, dos três eleitos para a direção colegiada dois pertenciam à maioria. Porém sem estrutura financeira para acompanhar as atividades e, obviamente boicotados, não conseguiram impedir que a direção nacional tratasse, publicamente, Antony Garotinho como presidente nacional da JS PDT.
Minha formação política ocorreu nesse período e faz com que eu continue acreditando que o tempo das grandes aventuras e das grandes utopias do ser humano não acabaram, e que o impossível só existe no dicionário daqueles que, para sobreviverem, necessitam da miséria dos homens. Enfim outras conjunturas como a da década de 80 virão...

Fale um pouco mais da convivência com o casal Garotinho nos tempos da sua militância na JS.

Foi uma convivência muito difícil. A prática do casal garotinho era a antítese do que realizávamos na juventude. Garotinho e famiglia chegam na JSPDT como interventores nomeados pela direção nacional do partido e se aliam com a minoria de militantes fluminenses que viam a política partidária como um espaço de realização financeira pessoal e profissional e não de transformação da realidade. Logo após 1988, na tentativa de resguardar nossa organização juvenil tentamos trabalhar
em conjunto na coordenação nacional eleita com a intervenção.
Logo percebemos a impossibilidade dessa alternativa, pois o egocentrismo e o oportunismo político de Garotinho impediam qualquer tipo de relacionamento político baseado em uma lógica de compromisso militante com o projeto histórico do PDT.
Por varias vezes decisões tomadas coletivamente eram modificadas nos encaminhamentos para dar destaque pessoal à "liderança" juvenil emergente do futuro "dono do PDT" e virtual candidato futuro a "presidente da república" na era PDT pós-Brizola. Mesmo depois do processo de reorganização da JS/PDT a política de Garotinho em relação à JS/PDT no Rio de Janeiro foi de transformá-la em correia de transmissão de seus projetos pessoais e eleitoreiros. Em todos esses momentos nossa convivência, por motivos óbvios, foi muito tumultuada e repleta de enfrentamentos.

Vamos falar sobre eleições municipais. Como surgiu a sua pré-candidatura a vereador?

Nas eleições de 2000 e 2002 um coletivo de militantes e dirigentes do PDT estimulou e apoiou as candidaturas à vereadora da companheira Francineide Salles no município do Rio e a deputado estadual do companheiro Cid Reis. Na minha opinião foram duas candidaturas vitoriosas, pois caracterizaram-se como um espaço de educação popular, denunciaram as ilusões eleitorais de uma democracia restrita determinada por interesses econômicos, foram acompanhadas por um esforço
paralelo de fortalecimento da organização e participação do povo no partido e nas organizações sociais; assumiram o papel histórico do trabalhismo como caminho brasileiro para o socialismo, sendo reconhecidas por sua identificação política com os excluídos, os trabalhadores e a juventude.
Acima de tudo foram candidaturas coletivas que tinham claro que o nível de consciência do povo sobre as soluções econômicas, sociais e políticas necessárias para o país não se elevará exclusivamente, ou de forma linear, através de prazos ou atos eleitorais e terá de ser construída nas lutas e nas mobilizações do povo trabalhador.
Já há algum tempo esse mesmo coletivo vinha discutindo sua atuação nas eleições de 2004. Nesse processo de discussão surgiu, dentre outras, a proposta de construir coletivamente uma candidatura a vereador nas eleições do município do Rio e um futuro mandato que fosse identificado com essa forma de fazer política e pela defesa intransigente do projeto histórico de nosso partido.
Quais serão as principais bandeiras de sua campanha (se houver)?

O primeiro é o compromisso que, se eleito, não irei receber salário superior ao que recebo em minhas atividades profissionais atuais, e que os futuros assessores reproduzirão esta postura em relação a seus
salários, e que a diferença destes salários será utilizada na implementação dos compromissos políticos do mandato. Uma candidatura dentro desta perspectiva revolucionária é um desafio de proporções consideráveis, mas entendo que é uma das formas de contribuir na luta por um projeto de
sociedade socialista identificado com a história de lutas de nosso povo.

Você tem defendido a candidatura própria para prefeito na capital. Por quê?

O que está em jogo nessas eleições municipais é a necessidade de o PDT apresentar, ao povo trabalhador em todas as grandes cidades, razões para continuar existindo enquanto projeto histórico identificado com os que estão as margens de tudo.
Abrir mão de candidaturas próprias na atual conjuntura da nação brasileira, onde o projeto e a visão estratégica do PDT não se identifica com a oposição de bravatas e alianças por baixo do pano do PFL e PSDB, e menos ainda com o governo neoliberal de Lula e seus aliados, significaria alinhamento e adesão automática com visões de mundo e de governos incompatíveis com a trajetória histórica e política do PDT.
Temos de reconquistar no imaginário popular a identificação que tínhamos na década de 80, onde éramos vistos como a retomada do fio da história das lutas populares e a resposta mais radicalmente possível à crise econômica, política e social. Eu ainda acredito que ainda podemos ser uma alternativa política para o povo trabalhador brasileiro fazer as transformações sociais necessárias para mudar de verdade nosso país. Para isso temos de ter a coragem de ousar, de mostrar nas eleições que nosso projeto histórico está vivo, lançando candidaturas próprias com a cara de nosso
projeto histórico.

Você achou correta a ruptura do PDT com o governo Lula?

Che Guevara tem uma frase que exemplifica muito bem a atual política do governo Lula e seus aliados: "A 'moderação' é outra das palavras que os agentes da colônia gostam de usar. São moderados todos os que têm medo ou todos os que pensam em trair de alguma forma. O povo não é de forma alguma moderado." O PT de Lula, aliado ao PC do B, PSB, PL, PTB, PPS e com apoio critico do PDT completou um ano no governo federal, sem ter dado sinais de reversão do grave quadro de violação do direito humano ao trabalho, à terra e moradia, à educação e à soberania alimentar.

Então, é um governo de continuidade?

Claro! Nesse período o governo Lula se organizou para dar continuidade a administração da crise e concluir a agenda neoliberal de contra-reformas que FHC não conseguiu finalizar devido a resistência dos movimentos populares e classistas. Há séculos atrás, durante o período imperial brasileiro, se dizia que não existia "nada mais conservador do que um liberal no poder". Hoje, muitos afirmam que em seu primeiro ano de governo, nada foi mais tucano do que um petista no poder, senão vejamos: o
o Governo está submetido à cartilha do FMI e do Banco Mundial, o Governo faz todo tipo de acordo e barganha política para aprovar as reformas, o Presidente vive viajando para o exterior, o desemprego mantém-se em níveis alarmantes, o país continua campeão em desigualdades e não se vê como isso possa melhorar, o contingenciamento de gastos tem prejudicado os projetos sociais, a carga tributária supera os 36% do PIB e tende a aumentar com as reformas, a tabela do imposto de renda não vai ser corrigida, a CPMF que era temporária torna-se permanente, a taxa de juros continua
insuportável e prejudica o investimento produtivo.

O modelo econômico continua o mesmo...

Os economistas do governo afirmam que na economia, o dever de casa foi feito, mas a situação do povo vai de pior a pior. A equipe econômica e o Presidente Lula afirmam que a economia brasileira ainda precisa dos remédios neoliberais do ex-ministro Malan e defendem a autonomia do Banco Central. O emprego, o crescimento e a péssima distribuição de renda não fecham a equação. A cidadania é violentada dia após dia. Em 2003 o contingente de desempregados no Brasil foi engrossado em 700 mil pessoas, e a perda do poder aquisitivo real do trabalhador brasileiro se aproximou dos
15%. Além de se recusar a corrigir a tabela de imposto de renda, o governo Lula retomou, aprofundou e aprovou no Congresso o projeto de privatização da previdência do governo FHC. A reforma da previdência demonstra o quanto o governo Lula é serviçal ao capital financeiro. Não é a toa que apenas os 50 maiores bancos tiveram apenas nos primeiros nove meses de 2003 um lucro de R$ 12,733 bilhões. Em nenhum momento o governo Lula aponta para uma solução que afirme a nossa soberania questionando de alguma maneira o pagamento da dívida externa. Uma auditoria parcialmente realizada já demonstrou que a maior parte dos contratos da dívida firmados entre 1964 e 1971 é, de fato,
inexistente. O Brasil tem de fazer uma moratória e realizar uma ampla auditoria. Já pagamos aos supostos credores US$ 183 bilhões de uma dívida que não é nossa. Nós é que somos os verdadeiros credores políticos, sociais e ambientais. O Governo Lula, ao contrário, prática uma "moratória social". No ano de 2003 o governo brasileiro pagou US$ 10 bilhões de juros da dívida externa.


Como sindicalista, o que você espera do novo ministro do Trabalho?

Não é nenhuma surpresa que o presidente da CUT, Luiz Marinho declare ser a favor da indicação do Sr Berzoini ministro do Trabalho. Os dois defendem o pluralismo sindical pleno, inclusive com a possibilidade de organização de sindicatos por local de trabalho. A corrente sindical desses dois senhores - Articulação Sindical - que no momento tem maioria nas várias instâncias da CUT e no Governo Federal, utiliza-se de uma "linguagem classista" e um discurso politizado, no entanto, na prática, implementa um sindicalismo social-liberal de resultados que se resume em reivindicar
uma "cidadania", dentro dos marcos do sistema capitalista, nos limites da luta por melhores salários e da lógica de "parceria" entre capital e trabalho. Nos últimos anos, utilizando-se do argumento da crise econômica, do desemprego estrutural, realizaram varias negociações desvantajosas para os trabalhadores, sob o argumento de que estão garantindo o emprego. O que temos visto em várias negociações é a utilização dos instrumentos de negociação coletiva não para ampliar os direitos assegurados pela CLT, mas para desconstituí-los, reduzi-los, flexibilizá-los, até mesmo por parte de sindicatos considerados mais fortes e aguerridos. Direitos são flexibilizados, regulamentando os interesses da classe patronal nos acordos e convenções coletivas. Basta analisar os instrumentos coletivos firmados por sindicatos cutistas dominados pela Articulação Sindical: em muitos deles, há o desmonte dos direitos trabalhistas conquistados na luta e até na Justiça do Trabalho. A aposta de Marinho e sua corrente significará o fortalecimento de uma estrutura sindical onde cada partido ou corrente política e ideológica terá seus sindicatos e sua central. Essa nova estrutura sindical levará a uma maior desorganização do sistema atual de relações de trabalho permitindo - daí a sua perversidade - a ingerência patronal (empresarial) na organização dos trabalhadores. O lamentável é perceber a ação das cúpulas das centrais sindicais - CUT, FS e CGT - que no Fórum Nacional do Trabalho priorizam debater essa Reforma Sindical, que abre o caminho para uma futura Reforma de "flexibilização" Trabalhista que significará a retirada de direitos ao invés de propor a discussão de mecanismos de distribuição da riqueza e renda num país que é campeão em desigualdades sociais.

E qual seria o modelo ideal de reforma sindical, na sua opinião?

Deveriam propor ao governo medidas de caráter emergencial de combate à informalidade, à terceirização, às falsas cooperativas, ao trabalho escravo e à prorrogação da jornada. Deveriam defender sistemas de relações de trabalho que permitissem um maior controle dos trabalhadores sobre o uso de sua força de trabalho e não mudanças que contribuam para aprofundar a desregulamentação de direitos sociais e para ampliar o grau de flexibilidade das relações de trabalho no Brasil, que sempre foram bastante flexíveis apesar de uma legislação extensa e bem detalhada. Necessitamos de mudanças que prioritariamente apontem para a necessidade de sanções para que o empregador seja
compelido a negociar, a fornecer aos sindicatos de trabalhadores a transparência na sua situação econômico-financeira, para só daí poder recusar a conceder melhores condições de vida, de trabalho e de salário. Os trabalhadores foram as principais vítimas do modelo neoliberal e não devem "ceder" mais nada. Devemos defender intransigentemente a manutenção da CLT, que deve permanecer intocada em seus pontos essenciais e funcionar como legislação de sustento, garantindo-se um mínimo de proteção e uma trincheira de resistência contra a precarização dos contratos, obstando a terceirização desenfreada, o tráfico de mão-de-obra, a "coooperfraudização" do trabalho etc.

Mas o atual sistema é ruim?

O atual sistema garantiu ao longo de décadas, a organização e a representação dos trabalhadores, inclusive com entidades de grande expressão, tradição de luta e importantes dirigentes sindicais e deve ser mantido, com algumas alterações: reconhecimento da organização sindical por local de trabalho vinculada ao sindicato da categoria;
aprovação de um estatuto de garantias sindicais com prioridade para as OLTs; reconhecimento constitucional das centrais sindicais, apesar de entendermos a necessidade de uma central única que seja plural e abrigue todas as forças que atuam no movimento sindical; manutenção da contribuição sindical compulsória apenas dos não associados, alterando a sua destinação para as centrais sindicais; e regulamentação da contribuição federativa, inclusive a favor da central sindical. As possibilidades de melhorias substanciais no atual sistema de relações de trabalho estão bloqueadas pela debilidade dos sindicatos e das centrais e pela hegemonia das concepções neoliberais no governo Lula e nos
debates do Fórum Nacional do Trabalho. Assim, o papel do movimento sindical deve ser o de impedir e/ou dificultar ao máximo a proposta de Reforma Sindical do governo Lula e preservar as posições duramente conquistadas em mais de 60 anos de lutas sindicais. A entrada do Sr Berzoini no Ministério do Trabalho converge com a estratégia do Governo Lula de implantar uma concepção neoliberal nas relações de trabalho e será, com certeza, desastrosa para a classe trabalhadora brasileira.

12 x 12, com Aurélio Fernandes
Filme: Os companheiros de Mario Monicelli, uma obra inesquecível e que marcou minha vida.
Recentemente Adeus Lênin.

Música: MPB, Rock, Jazz, Blues, Clássica, Samba qualquer gênero desde que tenha qualidade.

Jornal: Aquele que nós devíamos estar fazendo...

Livro: "Veias AberTas da América Latina", de Eduardo Galeano; e "Dialética da Dependência", de
Ruy Mauro Marini

Hobby: Ler e assistir bons filmes

Dinheiro: O necessário para viver e lutar

Mito: Lênin, Mariategui e Che

Líder: O povo trabalhador

Sonho: Um mundo onde não exista a exploração do homem pelo homem e no qual nos respeitemos pelo que somos, e não pelo que temos.

Decepção: Não termos construído ainda o instrumento partidário que o povo trabalhador necessita para conquistar sua liberdade.

Brizola: No futuro será reconhecido como uma das maiores lideranças de esquerda da América Latina

Brasil: Como diria Darcy, depende de nossa luta para que ele se torne a semente de uma nova civilização solidária.

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