A derrota eleitoral de Freixo e Luciana aponta um desafio
A derrota eleitoral de
Freixo e Luciana aponta um desafio que se for enfrentado transformará essa
derrota em História.
Após a derrota
eleitoral surgem os profetas do pós-apocalipse que tudo sabiam e tudo sabem desde
os motivos que levaram a derrota de Freixo e Luciana até os fatos imponderáveis
que auxiliaram na vitória de Crivella.
Alguns bem intencionados
contribuem com análises críticas importantes, pois participaram do dia a dia da
campanha e viveram todas as suas contradições e limites. Outros magoados por
não terem sido consultados, como eram os oráculos gregos, vomitam impropérios
contra os limites de Freixo, de Luciana, do PSOL e do PCB.
Muitos que
queriam ver o Freixo e Luciana abraçados com Lulla, Dillma e Jandira dizem que
faltou povo ao Freixo, que o PSOL se resume a um eleitorado de classe média e
que a presença destes “coerentes” lutadores das causas populares trariam os
votos necessários para a vitória da “esquerda” carioca. Principalmente na zona
oeste tomada pelas milícias onde Dillma e Lulla tiveram votos... Não
lembram de que até alguns meses atrás estavam sentados em cargos nos governos - ligados
à milícia - do PMDB de Paes, Picciani, Cabral e Pezão e que muitos dos seus
correligionários fizeram campanha do Pedro Paulo no primeiro turno e no segundo
turno ficaram quietinhos ou assumiram abertamente a candidatura de Crivella com
o intuito de garantir a continuidade da boquinha ou novas boquinhas na
prefeitura. A coerência de Reimont foi uma exceção que tem de ser saudada.
Outros acusam o
neopetismo do PSOL, que seria apenas uma continuidade dos equívocos do PT no
Rio de Janeiro e que repetiria a mesma trajetória funesta desse partido em um
futuro bem próximo. O “apoio” providencial da Globo, longe de ser produto de
fissuras entre setores das classes dominantes, seria um claro exemplo dessa
realidade inexorável. Usam até Brizola. Cartesianismo puro.
Se nossos sonhos
não cabem nas urnas ficar imobilizado debatendo essas análises será pura perda
de tempo. O conjunto de forças políticas e sociais que se unificou em tornos da
candidatura do PSOL/PCB foi derrotado nas eleições.
Para aqueles que
entenderam que essa composição politica pode ser um pouco de ar fresco em
tempos sombrios a questão deve ser outra. Uma pergunta clássica tem de ser enfrentada:
O que fazer?
Somente tentando
responder COLETIVAMENTE essa pergunta podemos avançar em alguma alternativa.
Esse deve ser o próximo passo. Em cada espaço organizado na campanha essa
reflexão tem de ser feita por todos e todas: O que fazer com a força política
acumulada nessa campanha?
O PSOL irá fazer
o tradicional? Atrairá toda essa energia para o PSOL mesmo sabendo que o que
acumulamos nessa campanha eleitoral foi muito, mas muito maior que o PSOL e
suas contradições, defeitos e virtudes? Repetirá a mesma velha prática do PT preocupando-se
apenas com as próximas eleições?
Não será o papel
das forças politicas e militantes que galvanizaram a candidatura de Freixo e
Luciana catalisarem em nossa cidade um processo muito maior de construção de
lutas populares e classistas autônomas em torno das principais bandeiras
defendidas em seu programa?
Os quadros das
organizações politicas que atuaram nessa campanha tem condições de encarar essa
tarefa. Faríamos oposição a Crivella, mas muito mais do que isso, apontaríamos um
caminho para o enfrentamento dos tempos sombrios que vivemos e que estamos por
enfrentar em todo o Brasil.
Um processo
desse tipo pode nos encaminhar para construir uma esquerda de estrutura com um
projeto histórico que vá ao encontro do fio da historia das lutas populares e
classistas do povo trabalhador e que contribua efetivamente para que o povo
trabalhador acumule forças para construir o poder do povo em um Brasil
socialista.
Não precisamos
de uma esquerda de conjuntura como foi o PT na década de 80 e que nos levou a
esse atoleiro. Não precisamos de uma “frente popular” com pretensões eleitoreiras
em relação a 2018.
Precisamos de um
conjunto de forças à esquerda que busca sua força nas lutas do povo trabalhador.
O que surgirá
desse processo? Acredito que algo bem melhor do que tudo que temos hoje.
Como diz o poema
“Do Povo Buscamos a Força” de Agostinho Neto:
“Não basta que
seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que
a pureza e a justiça existam dentro de nós.
Dos que vieram e
conosco se aliaram muitos traziam sombras no olhar
intenções
estranhas.
Para alguns
deles a razão da luta era só ódio: um ódio antigo
centrado e surdo
como uma lança.
Para alguns
outros era uma bolsa vazia (queriam enchê-la)
queriam enche-la
com coisas sujas inconfessáveis.
Outros viemos.
Lutar para nós é
ver aquilo que o povo quer realizado.
É ter a terra
onde nascemos.
É sermos livres
para trabalhar.
É ter para nós o
que criamos
Lutar para nós é
um destino,
é uma ponte
entre a descrença e a certeza de um mundo novo.
Na mesma barca
nos encontramos. Todos concordam, vamos lutar.
Lutar para que?
Para dar vazão ao ódio antigo?
ou para
ganharmos a liberdade e ter para nos o que criamos?
Na mesma barca
nos encontramos, quem há de ser o timoneiro?
Ah as tramas que
eles teceram! Ah as lutas que aí travamos!
Mantivemo-nos
firmes: no povo
buscamos a força
e a razão.
Inexoravelmente
como uma onda
que ninguém trava
vencemos
o povo tomou a
direção da barca.
Mas a lição foi
aprendida:
Não basta que
seja pura e justa a nossa causa.
É necessário que
a pureza e a justiça existam dentro de nós.”
E que de cada experiência se aprenda um lição!
ResponderExcluirExcelente reflexão, camarada!!!