FIO DA HISTÓRIA - Podcast

Trabalhismo o caminho Brasileiro para o socialismo

Começo hoje um podcast sem maiores pretensões e com muitas limitações tecnológicas. Espero contribuir de alguma forma com o debate político nesses tempos sombrios.
1º episódio

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O Trabalhismo como caminho brasileiro para o socialismo


Apontamentos para um debate pela superação do desarme ideológico da esquerda e do reformismo 


Entendo que a atual conjuntura aponta a necessidade de um debate sobre o projeto histórico que aposta no Trabalhismo como caminho brasileiro para o socialismo. Esse debate surge no Brasil já na década de 1960 com o avanço do desenvolvimento do subdesenvolvimento do capitalismo dependente latino americano que se colocava como um entrave para um desenvolvimento voltado para as maiorias.
A revolução cubana desvelou claramente os limites que o capitalismo impunha a um desenvolvimento voltado para as maiorias, colocando a revolução socialista na ordem do dia das lutas populares e democráticas em todo o continente. Desde a revolução cubana deveria estar clara a necessidade de uma revolução socialista em nosso continente para superar os limites impostos pelo capital à felicidade de nossos povos e contribuir para a superação do capitalismo mundialmente.
Por incrível que possa parecer, a direita continental e o imperialismo tem isso muito claro desde aquela quadra histórica e por isso a sucessão de golpes que derrubaram todos os governos que apontavam tentativas de superar esses limites, mesmo que dentro da ordem, as “transações” lentas graduais e seguras dessas ditaduras no decorrer da década de 1980 e as democracias de baixa intensidade que se seguiram. A incapacidade da esquerda de entender esse processo levou ao desarme ideológico para enfrentar essa contra-revolução que culminou no atual ascenso da extrema-direita em todo o continente e no Brasil em particular.  
Porém, ter claro que o caráter da revolução em nosso continente é socialista não significa a existência de um projeto histórico para a superação do capital na América Latina e nem uma tática de  acúmulo de forças para a revolução socialista em cada uma das formações sociais latino-americanas e caribenhas e no conjunto do continente.
A contribuição brasileira nesse processo passa pelo necessário debate sobre o trabalhismo como caminho brasileiro para o socialismo. É importante que fique claro que esse debate não pode significar a tentativa reacionária de volta ao passado onde o objetivo é “trazer” para o presente as soluções propostas de um trabalhismo das décadas de 1930 a 1960. O trabalhismo não é uma meia estação entre o capitalismo e o socialismo. O trabalhismo foi essa meia estação sob a liderança de Getúlio e João Goulart. O trabalhismo levou as ultimas consequências às contradições do capitalismo dependente brasileiro e colocou na ordem do dia a revolução socialista no Brasil, mesmo não sendo esse seu objetivo.
É nesse sentido que situar historicamente as contradições que impediram, em mais de um momento histórico, o projeto histórico de desenvolvimento voltado para as maiorias do trabalhismo é fundamental para retomar do fio da história e conseguir formular um projeto histórico das maiorias que se expresse em um acumular de forças para a revolução brasileira e latino-americana. Somente essa retomada do fio da história permite uma perspectiva do passado de lutas do povo trabalhador brasileiro que coloque o socialismo como uma necessidade histórica da formação social brasileira e o vincule a memória histórica das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros.
Não retomar o fio da história desarmou ideologicamente a esquerda brasileira, nos colocou no pântano da conciliação de classes e do reformismo e nos levou a atual situação política em que nos encontramos. Mesmo a tentativa de retomada desse projeto por parte de Brizola e do brizolismo com a construção do PDT teve graves limites que, somados ao cerco político das classes dominantes, o impediram de cumprir esse papel. 

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